Núcleo de Pesquisa em Direitos Humanos e Saúde da População LGBT+
TransAmigas
Melhorando a situação de saúde de travestis e mulheres trans vivendo com HIV no Brasil
- Improving Health Outcomes for HIV-positive Trans Women in Brazil -
TransAmigas é um estudo piloto de intervenção comportamental com ‘navegação’ por pares (NP), específico para a população de pessoas transexuais (travestis e transexuais), que utiliza o Modelo de Afirmação de Gênero (MAG), desenvolvido especificamente para prevenção e cuidado relacionado ao HIV nesta população. Este estudo foi precedido de uma pesquisa formativa, e de uma terceira etapa denominada ‘estudo de eficácia’, com extração de dados clínicos de registros das participantes da clínica de referência.
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O estudo de intervenção foi desenvolvido entre abril de 2018 a setembro de 2019. Durante esse período, foram recrutadas 113 participantes, sendo 79 randomizadas para o grupo de intervenção (navegação e vínculo com clínica de referência) e 38 para o grupo-controle, onde somente continuariam seu seguimento no CRT DST/Aids. No desenho do estudo estava previsto que as participantes passariam por duas entrevistas (inicial e final) com aplicação de questionário baseline e de 9 meses. Aos 3 meses de seguimento, também foi feita tentativa de contato por telefone para acompanhamento.
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O estudo de intervenção utiliza como referência o modelo I-Care (baseado em navegação por pares), e avaliou a viabilidade, a aceitabilidade e resultados preliminares do estabelecimento do programa já citado de NP. Ao final do estudo de intervenção, foi realizada uma pesquisa qualitativa, com a aplicação de entrevistas em profundidade entre as agentes da intervenção (navegadoras de pares).
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Esta pesquisa foi desenvolvida através de uma parceria entre a University of California, San Francisco e a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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Clique nos botões abaixo e conheça a memória e os resultados da pesquisa.
Período de realização
Maio de 2017 a Outubro de 2019
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Palavras-chave
HIV/Aids
transexualidade
travestilidade
prevenção
navegação de pares
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Agradecimentos
Ave Terrena
Centro de Cidadania LGBT Edson Neris
Dione Augusto
Felipe Dahier
Michel de Oliveira Furquim dos Santos
Miss Brasil Gay 2018
Mix Brasil 2018
Museu da Diversidade Sexual
Museu da Imigração
Museu da Inclusão
Museu de Arte Moderna de São Paulo
Pinacoteca de São Paulo
Ricardo Vasconcelos
Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo
Lorena Henn
Margit Ikeda
Projeto Meus Tons de Mulher
Respire Diversidade
Introdução
Globalmente, mulheres transexuais ('trans') têm uma probabilidade 49 vezes maior de serem infectadas pelo HIV, se comparado com outros grupos. O nível de adesão a tratamento e cuidados de saúde entre mulheres trans vivendo com HIV (TVH) apresenta taxas significativamente mais baixas do que outros grupos vulneráveis.
A escassez nos cuidados de HIV para pessoas trans é reflexo do acesso limitado e do distanciamento dessas pessoas dos serviços de saúde, devido ao estigma e a experiências negativas com profissionais, em um contexto da marginalização social e econômica que favorece instabilidade profissional e de condições de habitação, afastamento familiar, suporte social limitado e abuso de substâncias. Intervenções para amenizar as barreiras aos cuidados são fundamentais para reduzir as disparidades relacionadas ao HIV e/ou desfechos precários de saúde em uma população altamente vulnerável, particularmente em um contexto onde desigualdades sociais são maiores, como é o caso do Brasil.
Intervenções com base em navegação de pares (NP) têm demonstrado sucesso na melhoria do envolvimento em cuidados relacionados à infecção pelo HIV em contextos com recursos limitados. Atualmente, nosso grupo de pesquisa está conduzindo uma intervenção NP, chamada “I-Care”, na África do Sul, que melhorou significativamente o encaminhamento para cuidados e a retenção aos serviços de saúde para homens e mulheres. A intervenção por meio da NP se dirige aos cuidados do HIV, fornecendo apoio social e habilidades para serem trabalhadas junto à família e a profissionais de saúde, o que requer um tipo de adaptação específica e um modelo conceitual que aborde as necessidades exclusivas de TVH, identificadas durante a pesquisa formativa e em consultas com parceiros brasileiros em 2015.
Em linhas gerais, a NP é baseada na construção de relacionamento e apoio a pacientes por meio de treinamento e trabalho com pares, que atuam com as participantes do estudo para avaliar suas dificuldades de se vincular e aderir ao tratamento para HIV e ter acesso a outros serviços, ajudando-as com planos e estratégias para superar tais dificuldades. Ao longo de nove meses, período da intervenção, as participantes serão encorajadas a assumir maior grau de responsabilidade para identificar e implementar suas próprias estratégias de resolução de problemas e se tornar independente das NP.
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Objetivo
Desenvolver e conduzir um estudo piloto, em São Paulo – Brasil, TransAmigas, para testar a viabilidade e aceitabilidade de uma intervenção NP trans específica, que integra a abordagem do I-Care com um Modelo de Afirmação de Gênero (MAG), desenvolvido por nossa equipe de pesquisa especificamente para a prevenção e o cuidado relacionados ao HIV entre travestis e mulheres trans.
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Método
Inicialmente foi necessário adaptar o MAG para o para o contexto brasileiro, utilizando a metodologia ADAPT-ITT. O MAG é um modelo conceitual que verifica como necessidades não atingidas de afirmação de gênero contribuem para comportamentos de risco e autocuidado reduzido. O MAG sugere que, no contexto de transfobia, uma alta necessidade de afirmação de gênero, combinada ao baixo acesso a essa afirmação, constitui ameaça à identidade. A população transgênero pode tentar satisfazer suas necessidades de afirmação de gênero em contextos que podem representar riscos para sua saúde (automedicação com hormônios, por exemplo). Satisfazer as necessidades desta população no que se refere à afirmação de gênero pode reduzir comportamentos de risco e melhorar o autocuidado, que inclui melhorar a adesão ao tratamento antirretroviral (TARV) entre travestis e mulheres trans infectadas pelo HIV, levando a melhores desfechos de saúde. A amostra para o estudo piloto era de 150 participantes, randomizadas para a intervenção (n=100) ou apenas para o encaminhamento clínico (n=50). A duração foi de nove meses, tendo sido avaliados durante o período a adesão da navegadora e da participante à pesquisa, as necessidades de recrutamento, a retenção na coorte e os relatos de satisfação e preferências para o conteúdo do programa, por meio de pesquisas na linha de base. Na sequência, conduziremos um estudo de eficácia em diversos locais, extraindo dados clínicos de registros das participantes da clínica de referência, gerando dados de eficácia preliminar, comparando a retenção em cuidados em HIV e carga viral, a partir da intervenção. Dados clínicos informarão o tamanho da amostra para o ensaio futuro.
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Resultados
Este estudo foi implementado em São Paulo, Brasil, onde o acesso universal à saúde e o apoio público para cuidados durante a transição de gênero possibilitam um ambiente para este trabalho ser mais efetivo, e onde a equipe estabeleceu parcerias acadêmicas e uma colaboração com a Secretaria de Estado da Saúde, por meio do Centro de Referência e Treinamento em DST/AIDS (CRT-DST/AIDS), que inclui serviços clínicos específicos para a população trans.
Ficha Técnica
Título oficial
Projeto TransAmigas: melhorando a saúde de travestis e mulheres trans vivendo com HIV
Improving health outcomes for HIV-positive trans women in Brazil
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Investigadora principal: Sheri A. Lippman (EUA)
Co-investigadora: Jae Sevelius (EUA)
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Investigadora principal no Brasil: Maria Amélia de Sousa Mascena Veras
Co-investigador: Gustavo Santa Roza Saggese
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Equipe Brasil
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Entrevistadoras
Cíntia Spindola Luciano
Isabela Leite Concílio
Paula Galdino Cardin de Carvalho
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Supervisão - Individual
Renata Batisteli de Oliveira
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Supervisão - Atividades Coletivas
Daniel Dutra de Barros
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Gerenciamento de dados
Hailey Gilmore
Katia Cristina Bassichetto
Luca Fasciolo Maschião
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Consultoria
Laura Murray
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Navegadoras
Adrielly Martins
Bianca Mahafe
Brunna Valin (in memorian)
Daniela Costa
Kristen de Oliveira
Ianca dos Santos Moreira
Lorhany Barbosa
Vanessa Holanda de Sousa
Eliza Santos (in memorian)
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Apoio administrativo
Jucélia Barbosa
Rodrigo Calado
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Colaboração
Rejane Alves Fraissat
Marisa Fumie Nakae
Patrícia Porchat
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Apoio
CRT - Centro de Referência e Treinamento DST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
FAVC - Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho